Não
muito longe podemos ainda lembrar as bombas jogadas nos docentes paranaenses,
não muito em outras terras também vivem ofuscadas pela grande mídia conservadora
brasileira a violência na escola, jornada e condições de trabalho, a falta de cumprimento
do piso salarial nacional, falta ou péssima alimentação escolar para os
estudantes, a falta de docentes nas escolas, a falta ou precários transportes
escolares para as crianças, denunciados dia a dia pelos docentes, pais,
estudantes e pelos sindicatos das categorias.
Ofuscam
porque sabem que as crianças, os jovens e adultos que vão a escola aprender que para aprender, não há idade nem cor, e
por isso tem que se dá respeito ao seu professor, pois na sala de aula é que se
muda uma nação, na sala de aula se constrói o cidadão.
A classe trabalhadora sempre foi criativa para
resistir às opressões patronais e governamentais que sempre quiseram limitar,
ou destruir as vantagens e direitos conquistados ao custo de muito suor, sangue
e lágrimas do povo trabalhador.
E mais uma forma e simbolicamente certeira amarrou,
ou melhor, acorrentou a situação da educação pública de Sergipe. Melhor dizendo
foi literalmente algemada. Acorrentou o discurso debochado do governo sergipano
a reprovação de estudantes nas ruas de Aracaju, amarrou a atenção dos
movimentos sociais, populares e sindicais no seu ataque ao direito de greve da
classe trabalhadora, e algemou a seu discurso a reproche no cenário nacional e
em canais e sites locais sobre o tratamento a um tema fundamental para a sociedade:
a Educação.
Ao dizer que as algemas fossem doadas a polícia
expõe outro problema vivido pelo “povo pobre que não gosta de ver isso”, mais algemas
significariam que: 01 – a polícia sergipana está sem este simples assessório
por falta de investimento ou de prioridades básicas? 02 – Que a violência
cresce sem uma política afirmativa de prevenção e ressocialização do apenado
seja ele menor ou não de idade?
Por fim tratar por brincadeira um ato de greve que
está literalmente algemado ao cenário de desvalorização dos profissionais da
escola, onde professor reabilitado próximo de se aposentar vira porteiro, onde
deveria ser um concursado.
Algemados num cenário onde a cantina divide espaço
com morcegos, onde as violências simbólicas e físicas andam nas escolas
sergipanas, e a resposta é armar seguranças particulares (será que eles têm
algemas?) no lugar de vigilantes dos concursados ou seus efetivos.
Algemados a um cenário onde as carreiras dos
professores e demais funcionários da escola são negados ou destruídos.
Algemados a uma realidade aonde os estudantes vão escola com guarda chuva e
entram na sala sem desarma-los para poder assistir dentro da sala de aula para
não se molhar.
Algemados a cenas de recreação onde a broa ou um só
rocambole de açúcar é o único alimento escolar, onde as quadras poliesportivas
para muitas ainda são ilustrações de folhetos de propaganda eleitoral a serem
realizadas.
Algemados por fim, ao sonho e a esperança de nas
ruas, na praça, dentro ou fora da sala de aula contribuir para a construção de
uma sociedade democrática popular e emancipadora.
E isso não é brincadeira! Pode até virar parlenda,
uma ciranda!
“Se esta luta
Se esta luta só fosse minha
Eu não deixava,
não deixava
De Lutar!
Com minha voz,
ou com meu silencio
Só para ver tudo mudar
Eu também,
eu também
Quero mudar
Então vem
Pois vem pra cá
Você também!”
A sociedade sergipana com certeza precisa mais de
educação que a liberte a algemas que a prenda ao medo e a submissão.
Profº José de Jesus Santos –
Filho de José Bispo dos Santos (lavrador, tirador de
laranja)
E de Josefa de Jesus (lavradora e dona de casa)
Professor de História, boquinense. Vice-coordenação
da Subsede Centro Sul/SINTESE
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