sábado, 30 de maio de 2015

Mais educação e menos algemas


 Nestes últimos 13 dias o povo sergipano vive mais uma vez, como em muitos lugares neste nosso Brasil, o que nunca se pode espera da postura de um governante quanto a um dos direitos fundamentais da sociedade que é a educação.

Não muito longe podemos ainda lembrar as bombas jogadas nos docentes paranaenses, não muito em outras terras também vivem ofuscadas pela grande mídia conservadora brasileira a violência na escola, jornada e condições de trabalho, a falta de cumprimento do piso salarial nacional, falta ou péssima alimentação escolar para os estudantes, a falta de docentes nas escolas, a falta ou precários transportes escolares para as crianças, denunciados dia a dia pelos docentes, pais, estudantes e pelos sindicatos das categorias.

Ofuscam porque sabem que as crianças, os jovens e adultos que vão a escola aprender que para aprender, não há idade nem cor, e por isso tem que se dá respeito ao seu professor, pois na sala de aula é que se muda uma nação, na sala de aula se constrói o cidadão.

A classe trabalhadora sempre foi criativa para resistir às opressões patronais e governamentais que sempre quiseram limitar, ou destruir as vantagens e direitos conquistados ao custo de muito suor, sangue e lágrimas do povo trabalhador.

E mais uma forma e simbolicamente certeira amarrou, ou melhor, acorrentou a situação da educação pública de Sergipe. Melhor dizendo foi literalmente algemada. Acorrentou o discurso debochado do governo sergipano a reprovação de estudantes nas ruas de Aracaju, amarrou a atenção dos movimentos sociais, populares e sindicais no seu ataque ao direito de greve da classe trabalhadora, e algemou a seu discurso a reproche no cenário nacional e em canais e sites locais sobre o tratamento a um tema fundamental para a sociedade: a Educação.  

Ao dizer que as algemas fossem doadas a polícia expõe outro problema vivido pelo “povo pobre que não gosta de ver isso”, mais algemas significariam que: 01 – a polícia sergipana está sem este simples assessório por falta de investimento ou de prioridades básicas? 02 – Que a violência cresce sem uma política afirmativa de prevenção e ressocialização do apenado seja ele menor ou não de idade?

Por fim tratar por brincadeira um ato de greve que está literalmente algemado ao cenário de desvalorização dos profissionais da escola, onde professor reabilitado próximo de se aposentar vira porteiro, onde deveria ser um concursado.

Algemados num cenário onde a cantina divide espaço com morcegos, onde as violências simbólicas e físicas andam nas escolas sergipanas, e a resposta é armar seguranças particulares (será que eles têm algemas?) no lugar de vigilantes dos concursados ou seus efetivos.

Algemados a um cenário onde as carreiras dos professores e demais funcionários da escola são negados ou destruídos. Algemados a uma realidade aonde os estudantes vão escola com guarda chuva e entram na sala sem desarma-los para poder assistir dentro da sala de aula para não se molhar.

Algemados a cenas de recreação onde a broa ou um só rocambole de açúcar é o único alimento escolar, onde as quadras poliesportivas para muitas ainda são ilustrações de folhetos de propaganda eleitoral a serem realizadas.

Algemados por fim, ao sonho e a esperança de nas ruas, na praça, dentro ou fora da sala de aula contribuir para a construção de uma sociedade democrática popular e emancipadora.

E isso não é brincadeira! Pode até virar parlenda, uma ciranda!

“Se esta luta

Se esta luta só fosse minha

Eu não deixava,

 não deixava

De Lutar!

Com minha voz,

ou com meu silencio

Só para ver tudo mudar

Eu também,

 eu também

Quero mudar

Então vem

Pois vem pra cá

Você também!”

A sociedade sergipana com certeza precisa mais de educação que a liberte a algemas que a prenda ao medo e a submissão.

 

Profº José de Jesus Santos –

Filho de José Bispo dos Santos (lavrador, tirador de laranja)

E de Josefa de Jesus (lavradora e dona de casa)

Professor de História, boquinense. Vice-coordenação da Subsede Centro Sul/SINTESE

 

 

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